1980

 1980

Nasce uma estrela

Claudia Cristina Leite Inácio Pedreira ou simplesmente Claudia Leitte, nasce em

São Gonçalo, interior do estado do Rio de Janeiro, em 10 de julho de 1980 e

muda-se com a família para Salvador ainda nos primeiros dias de vida. De São

Gonçalo, guarda tênues recordações da casa da avó paterna, Dona Maria Creuza,

onde passava alguns dias durante o ano, mas é no velho Largo da Saúde e nas ruas

de calçamento irregular que vive boa parte da infância e começa a descobrir

seu gosto pela música.

Situado no Centro Histórico de Salvador, com centenários casarões e velhas igrejas,

a dois passos da Baixa dos Sapateiros, do Pelourinho e do secular Convento do

Carmo, que contemplava à distância sem jamais imaginar que um dia viraria

palco para realização do seu casamento com o empresário Marcio Pedreira, o bairro

da Saúde está muito vivo na memória de Claudia Leitte.

“A Saúde, há 20 anos, parecia uma cidadezinha do interior. Os vizinhos botavam

as cadeiras na porta da casa e ficavam proseando. O tempo passava arrastado,

nós na rua brincando e os adultos ali perto, sempre vigilantes. Era muito bom!

E acho que a música já me sondava, pois eu morava exatamente em frente à casa

do Batatinha, um dos grandes compositores dessa terra e que eu sempre admirei muito.”

Aos 3 anos, Claudia Leitte dribla a vigilância dos pais, sobe no palco de uma

churrascaria e, aproveitando o intervalo deixado pelo cantor que se apresentava,

dispara no microfone “Emília, Emília, Emília...”, música tema do Sítio do Pica-pau

Amarelo.

Ao que se tem notícia foi a primeira vez que Claudia Cristina Leite Inácio Pedreira

pisa num palco. Além das muitas palmas ao final de sua apresentação, a pequena

ganha também um belo pito dos pais pela travessura.

Com a Bahia e o Bahêêêa no coração

Embora tenha nascido em outro estado, Claudia Leitte se considera baiana, pois

chega a Salvador ainda muito criança, para criar raízes numa terra rica no

misticismo, na musicalidade, nas artes e na cultura. Chega e incorpora o jeito

baiano de ser. Como boa 'baiana', Claudia Leitte gosta do tempero da terra,

da culinária de origem africana, embora tenha verdadeira paixão pela comida

japonesa, e não dispensa uma água de coco à mesa. Torce pelo Bahia, paixão

que não esconde, mesmo quando o time estava na terceira divisão do futebol

brasileiro e se não é, oficialmente, a madrinha do clube, já ocupa esse lugar

no coração da torcida.

“Amo a Bahia e amo o Bahia. Vamos lá Bahêêêa! Não sei em que ordem amo mais,

só sei que numa intensidade que não me permite medir. Mas não quero que o torcedor

do Vitória fique triste comigo. Eu vibrei também quando o Vitória foi para a primeira

divisão e torço para vê-lo grande. Aliás, tudo que é da minha Bahia eu quero ver forte,

brilhando, vencendo. Tudo que dá alegria ao povo, me dá alegria e me deixa feliz”, diz Claudia.

De vida simples, embora atribulada, adora sair anônima, quando consegue, pelas ruas da cidade. Comer nos restaurantes japoneses, contemplar o Pelourinho, tão marcante em sua infância e curtir um por do sol no Farol da Barra.

“Mas sabe, quando o jatinho vem chegando adoro ficar olhando da janelinha, contemplando cada pedaço de chão dessa terra, me localizando, dizendo por ali já passei, ali eu já estive, olha como a cidade está crescendo. Eu gosto muito de Salvador, do meu povo, da minha gente. De ser baiana por opção. E até me emociono quando falo isso”, diz Claudia.

Crítica em tudo que faz, exigente e perfeccionista, Claudia Leitte é uma espécie de símbolo de ternura, carinho, amor e simpatia e continua a mesma menina do bairro da Saúde, onde viveu sua infância e cultivou o sonho de ser cantora.